O secretário estadual de educação, Ruy Pereira, disse que os professores que decidiram permanecer em greve estão sendo insensíveis e intolerantes, já que toda a pauta de reivindicações foi atendida. Já o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) manteve a posição de que houveram exclusões e pontos cruciais esquecidos na proposta apresentada pelo Governo. Em meio ao impasse, 330 mil alunos continuam longe das salas de aula há mais de um mês.“Fiquei perplexo quando soube da decisão dos grevistas. É inadmissível que se mantenha uma greve alegando questões salariais numa época de crise. Os professores não tem direito de deixar os estudantes mais de 30 dias sem aula”, sustenta Ruy Pereira. Ele acusa os grevistas de estarem prejudicando principalmente os alunos mais pobres, cuja única refeição regular que fazem é na escola. “Muitos desses professores continuam dando aulas nas escolas privadas, onde ganham menos”, denuncia.Com relação ao argumento do Sindicato de que a proposta do Governo excluiu os funcionários da educação e os docentes aposentados, Ruy Pereira alterca que a minoria dos inativos foi beneficiada porque eles ganham acima do piso. Já os funcionários não podem receber benefícios diferenciados. “Temos auxiliares como porteiros e assistentes de serviços gerais (ASG) em todas as secretarias. Se der um aumento diferenciado para os da educação, tem que dar para todos”, reitera. Por outro lado, o secretário se contradiz ao ressaltar que esses funcionários recebem um benefício de dois salários mínimos, chamado Gratificação por Mérito Educacional (GME).Sobre a alegação de que 50% do professores ficaram sem acréscimo salarial, Ruy Pereira classifica a posição do Sindicato como falaciosa. “Na negociação ocorrida com a Governadora e os grevistas, foi acertado que as melhorias seriam dadas a quem tem direito. Tudo que fizemos foi incluindo todo mundo”. O titular da pasta da educação destacou que o Rio Grande do Norte é o único estado em que a maioria dos professores ganha acima do que foi dado por Lula em 2007, e o único que tem docentes em greve. Nenhuma medida será tomada para encerrar a paralisação enquanto o Governo não receber um posicionamento oficial da categoria, garante Ruy Pereira.Categoria vai definir rumos da paralisação na segunda-feiraO Sindicato dos Trabalhadores em Educação realizará uma nova assembleia na segunda-feira (6), às 14 horas, na Escola Estadual Winston Churchill, para avaliar o movimento, que permanece com 70% dos professores sem dar aula. Depois, o Sinte entregará um documento ao Governo contendo a decisão do movimento grevista, e planeja formar uma comissão institucional da sociedade civil para trabalhar a proposta governamental.Para o diretora do Sindicato, Fátima Cardoso, Ruy Pereira é contraditório quando diz que os professores estão sendo insensíveis. “Insensível está sendo o Governo, que exclui os funcionários e os aposentados. Os pais e alunos compreendem nossa luta”, defende. A diretora do Sindicato informa que a entidade recebeu ontem a folha de pagamento do pessoal da educação do Governo do Estado. Em conjunto com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), os grevistas pretendem analisar se o Governo realmente não dispõe de condições financeiras para atender às reivindicações colocadas.