terça-feira, 28 de abril de 2009

Prefeito aguarda sentença em processo por compra de votos

Itaú - O prefeito Antônio Edson de Melo e o vice Airanildes Alves Brasil precisam superar três obstáculos (representações eleitorais, 1921, 1922 e 2318) para continuar nos cargos. O primeiro, o mais fácil, já foi superado. A juíza eleitoral Adriana Santiago Bezerra considerou que não havia provas para condenar o prefeito e o vice na representação eleitoral 1922.Entretanto, nas representações 1921 e 2318, que estão conclusas para julgamento na 35.ª Zona Eleitoral de Apodi, existem áudios e depoimentos que apontam que a Coligação Unidos por Itaú comprou votos trocando por combustível, botijão, dinheiro vivo e que usou a estrutura pública em benefício da campanha. A denúncia foi ingressada na Justiça pela Coligação Vontade do Povo.Em depoimento prestado à juíza eleitoral Adriana Santiago no processo 1921, o comerciante Jerônimo Barros confirmou que nos dias das carreatas, o prefeito Edson Melo autorizava mais de 30 abastecimentos de motos e vários carros. O comerciante Antônio Barros de Oliveira confirmou o depoimento de Jerônimo e acrescentou que era público que tudo era custeado pela Prefeitura.Já, no processo 2318, que também está pronto para ser julgado pela juíza Adriana Santiago, o agricultor Antônio Jailson Barbosa Carlos informou que gravou (o áudio está no processo) a conversa do prefeito Edson Melo comprando o voto da dona-de-casa conhecida por "Mara" por R$ 150,00. A Justiça Eleitoral identificou Mara. Trata-se de Francisca Alcimara Soares da Silva.Mara confirmou que recebeu os R$ 150,00 do prefeito Edson Melo, que estava acompanhado do então candidato a vice-prefeito Airanildes Brasil, em troca do voto, e acrescentou que havia pedido 300,00, mas o prefeito pechinchou e ficou por R$ 150,00. Ela explicou que só recebeu o dinheiro porque estava precisando para cuidar do filho de três meses.E não foi só em Itaú que Edson Melo comprou votos. A dona-de-casa Maria da Conceição Lima Tavares, residente no bairro Boa Vista (zona sul de Mossoró), contou que vendeu o voto pela promessa de pagamento do aluguel de sua casa e um bujão. Ela recebeu, uma semana antes da eleição, um bujão do candidato a vice-prefeito Airanildes Brasil e a promessa de mulher do prefeito Edson, conhecida por "dona Lúcia", de pagamento do aluguel.Maria da Conceição teria de retirar a bandeira da Vontade do Povo. Como prova do que falou na Justiça Eleitoral, Maria da Conceição apresentou dois áudios, que estão anexados no processo 1823. Várias outras pessoas também afirmaram ter recebido dinheiro para votar em Antônio Edson e Airanildes Brasil, como foi o exemplo de Antônio Edson e Reginaldo da Silva Oliveira, que declarou à juíza Adriana Santiago ter recebido R$ 200,00 para votar em Antônio Edson.Adriana Santiago enviou os áudios do processo 1823 para perícia técnica no Instituto Técnico-científico de Polícia (ITEP). Os laudos já devem estar concluídos, pois consta no site do Tribunal Superior Eleitoral que os dois processos estão conclusos para julgamento.
Coligação pede cassação do registro do prefeito e viceDiante das provas técnicas e testemunhais, o advogado Vicente Pereira Neto, da Coligação Vontade do Povo, pediu a suspensão dos direitos políticos do prefeito Antônio Edson Melo e do vice Airanildes Alves Brasil, bem como de Maria Lúcia Fernandes Maia de Melo e Francisco Nedilson de Paiva, por compra de votos e abuso de poder econômico.Para o advogado, o então prefeito e candidato à reeleição Edson Melo usou a estrutura da Prefeitura em benefício de sua campanha, bem como abusou financeiramente e comprou votos para se reeleger. O candidato a prefeito pela oposição Neuremberg e o candidato a vice-prefeito Leonildo não quiseram comentar o caso; apenas esperam que a justiça seja feita.
Prefeito diz que está tranquiloA reportagem do JORNAL DE FATO manteve contato com o prefeito Edson Melo. Ele se mostrou tranquilo, afirmando que os processos movidos por seus adversários na Justiça Eleitoral não lhe preocupavam, pois se diz inocente de todas as acusações de compra de votos. "Baiba", como é mais conhecido na cidade, foi eleito em 2004 e reeleito em 2008. Não é de muitas palavras.Na Justiça, algumas testemunhas afirmaram que o prefeito Edson Melo é inocente. É o caso do frentista Marcos Tiago Brasil Alves, do posto de combustível de propriedade do cunhado de Edson Melo. Ele disse que realmente havia muitos abastecimentos nos dias das carreatas, porém esses abastecimentos não eram na conta da Prefeitura. As pessoas deixavam anotados, pagavam no cartão de crédito ou com dinheiro vivo.