domingo, 20 de setembro de 2009

Educação básica não atrai professores

Seguir carreira no magistério do ensino fundamental e médio já não desperta interesse nos futuros professores. O déficit de profissionais nas escolas de Mossoró e no Rio Grande do Norte, sobretudo nas áreas de Matemática, Química, Física e Biologia só aumenta a cada ano. É um verdadeiro "apagão" de professores e as perspectivas não são das melhores: o número de formandos em cursos de licenciatura é bastante pequeno e a maioria prioriza investir no ensino superior. Só para se ter uma ideia de como a situação é crítica, no último concurso público realizado em 2005 pelo Governo do Estado não foram preenchidas vagas para as disciplinas de Matemática, Química e Física em 117 dos 167 Município onde foram ofertadas vagas. "Tivemos poucas inscrições. Alguns professores não foram fazer as provas e outros não passaram", afirmou Pedro Guedes, coordenador de Recursos Humanos da Secretaria de Educação do Estado.E mesmo quem passou não assumiu. Em Mossoró, na última convocação feita pelo Governo do Estado, quatro dos nove chamados não assumiram. "Eles alegaram que estavam fazendo outras atividades, passaram em outros concursos e por isso não assumiram", falou a diretora da XII Diretoria Regional de Educação (XII DIRED), Célida Linhares. Assim como Mossoró, em vários municípios foi necessário fazer fusão de turmas e turnos para poder suprir a carência de professores. A utilização de estagiários é outra alternativa adotada para suprir o déficit de profissionais. Em cidades do interior como Serrinha na região da Várzea, professores de outras cidades tiveram que ser removidos para lecionar as disciplinas. Em outros municípios como, por exemplo, Serra de São Bento e Poço Grande, a situação é ainda mais crítica, pois o déficit é extensivo a outras disciplinas como Ciências e Inglês. A situação é tão complicada que no Rio Grande do Norte escolas já foram fechadas por causa da falta de professores."Observamos que não há interesse dos profissionais em investir na educação básica. A questão não é nem só dinheiro, é falta de mão-de-obra mesmo. E olhe que o Governo está oferecendo formação para professores em 1ª e 2ª licenciatura, sem vestibular, sem custo e a adesão ainda é muito pouca", comentou Pedro Guedes.PREÇO DE OUROAté mesmo as escolas privadas encontram dificuldades para contratar profissionais nas áreas de Matemática, Química e Física. Em alguns cursinhos pré-vestibulares, esses profissionais são contratados com salários diferenciados devido à escassez de mão-de-obra especializada.
Carreira superior é a prioridadeSeguir carreira acadêmica tem sido a prioridade dos futuros profissionais da licenciatura. Maior estabilidade, plano de cargo e melhores condições de trabalho são os principais atrativos. Hipólito Cassiano, 21, nem cogita trabalhar no ensino fundamental e médio. Acadêmico dos cursos de Ciências da Tecnologia e Biologia, ele hoje é estagiário e dar aulas de Matemática para quatro turmas e Biologia para outra turma."Eu quero investir na pós-graduação, investir na pesquisa. Não tenho intenção de ficar no ensino básico não porque não compensa nem financeiramente, nem profissionalmente porque a maioria dos alunos não quer aprender", concluiu.O professor Arnaldo Viana, diretor da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FANAT/UERN), confirma a prioridade dos alunos em investir no curso superior."São cursos que exigem muito do aluno. São dois horários de estudo, os conteúdos são puxados e por isso muitos alunos acabam não terminando o curso. Quem termina quer investir onde possa haver um retorno financeiro e profissional. Todos os nossos alunos já saem direto para o campo de trabalho", reforçou