quarta-feira, 4 de março de 2009

Chefe de gabinete oferece a professores em protesto colchões e banheiros químicos

Os professores da rede municipal de ensino, indignados com a falta de proposta para implantação do piso nacional da categoria pela Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM), decidiram acampar em frente a sua sede. Cerca de 200 professores do município protestaram durante todo dia com cartazes e cantando músicas de protesto. A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (Sindiserpum), Marilda Souza, avisou: "Só sairemos daqui quando a prefeitura apresentar alguma proposta", garantiu.
De acordo com Marilda Souza, diante do protesto dos professores e do aviso que os mesmo ficariam acampados até a prefeitura atendê-los com uma proposta, o chefe de gabinete do município, Gustavo Rosado, ofereceu colchonetes e banheiros químicos, caso os manifestantes quisessem pernoitar no local. Para a categoria, a atitude do secretário soou como ironia e desrespeito ao movimento.
Poucos minutos após a referida oferta do secretário, o mesmo requereu a presença de um oficial de justiça para retirar os docentes do prédio público, sob a alegação de que os manifestantes pudessem depredar o local. A categoria indignou-se com a ação do secretário. "A prefeitura quer nos expulsar como se fossemos vândalos. Eles não estão diante de baderneiros, somos professores buscando nossos direitos", diz Marilda Maria.
Após receberem o oficial, os servidores acionaram o advogado de defesa da categoria, Lindocastro Nogueira, para esclarecer a situação. O profissional ressalta que o manifesto dos professores é legítimo e legal. "Eles não estão atrapalhando o trânsito, nem impedindo o tráfego de funcionários no prédio. Por isso, não há razão para expulsá-los do local", afirma o advogado.
Mesmo sob a pressão da prefeitura, a professora Salinira de Souza afirmou que os professores não têm data para sair da calçada do prédio. "Vamos ficar aqui até que uma comissão que tenha o poder de determinar alguma proposta nos receba", explicou. Segundo ela, os servidores querem uma reunião com a presença dos secretários Francisco Carlos, Manoel Bizerra, Gustavo Rosado e Ieda Maria.
Os professores dizem que ainda durante a manhã, Marilda foi recebida apenas pelo secretário de gabinete da prefeitura, Gustavo Rosado. "Ele nos recebeu para dizer apenas que a prefeitura não tem nenhuma proposta. Então vamos ficar acampados até que ela apresente alguma e vamos continuar em greve", conta a presidente do Sindiserpum.
Durante o encontro, Gustavo Rosado afirmou que a prefeitura reconhece que os professores recebem menos do que merecem e afirma que o trabalho docente deve ser reconhecido com louvor, já que a educação e a saúde se constituem em duas áreas imprescindíveis ao desenvolvimento individual e coletivo de um município. E disse que a problemática lançada pelo sindicato é uma questão nacional.
"O Governo Federal aumentou a responsabilidade dos municípios e diminuiu o repasse de verba", afirmou. "O professor tem papel importante na sociedade, de preparar o cidadão para o futuro. Não estamos desvalorizando o profissional da educação", comentou Gustavo Rosado. O secretário, conforme Marilda Maria ainda pediu a compreensão dos professores sobre a situação.
A sindicalista critica a posição do chefe de gabinete. "A greve é nossa última alternativa de luta. E agora querem que voltemos para a sala de aula somente por compreensão? Se paralisamos para garantir nosso direito, não iremos voltar sem nada resolvido", diz.
Ela ainda repreendeu a atitude radical da PMM em relação à greve da categoria. "A prefeitura radicalizou ameaçando cortar o nosso ponto se não voltássemos à sala de aula. Mas se ela fizer isso, então vai assumir o ônus de não encerrar o ano letivo de 2009", frisou Marilda. A diretora do Sindiserpum, Eliete Vieira informou que os servidores reivindicam da prefeitura respeito ao piso salarial e criticou a atitude em relação ao ponto.
"A prefeitura está sendo arbitrária. Queremos que a PMM não confunda o piso com o teto e que dê uma proposta para essa categoria que está angustiada", disse a diretora. Segundo ela, a adesão da categoria ao movimento é bastante significativa. "90% da categoria está engajada no movimento. Essa é uma luta de força entre a categoria e a prefeitura. A nossa última atitude é a greve", reforçou Eliete.
Omossoroense