segunda-feira, 9 de março de 2009

Conter evasão de professores é desafio

No dia 24 deste mês, a comunidade acadêmica da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) escolherá a dupla - reitor e vice - que vai comandar a instituição nos próximos quatro anos. No âmbito das discussões sobre os desafios para a nova gestão, um deles chama a atenção: como evitar a evasão de professores mestres e doutores que, recentemente, têm deixado a Uern rumo às universidades federais e seus benefícios e garantias.Entre o início do ano passado e este ano, pelo menos 11 professores, alguns deles doutores, deixaram a referida universidade. Com um corpo docente de 914 professores, sendo pouco mais de 100 doutores, a evasão preocupa."É ruim à medida que a universidade investe em um profissional, o enviando para uma qualificação em outro Estado ou mesmo fora do país, e quando ele volta, pouco tempo depois, vai para outra instituição. Por mais que a vaga seja ocupada por outro profissional com a mesma titulação, a experiência não é a mesma", comenta o reitor da Uern e candidato à reeleição, Milton Marques de Medeiros.Em geral, as insatisfações do corpo docente, que motivam a saída da instituição, estão ligadas à falta de estrutura e incentivo no setor de pesquisa, à insuficiência de programas de pós-graduação stricto-sensu (mestrado e doutorado) e à diferença salarial, em relação ao valor pago pelas universidades federais. No caso dos doutores, a diferença chega a até R$ 2 mil. Hoje o salário inicial de um professor especialista, com carga de 20 horas/aula, é de R$ 1.029,78, enquanto o de um professor Doutor, com carga de 40 horas/aula é de R$ 3.765,14. Em abril deste ano, todo o corpo docente terá uma reajuste de 17% sobre os salários.O orçamento limitado da universidade - grande parte gasto com pessoal - impede planos mais ousados de aumento salarial dos doutores. Mas os ganhos conseguidos nos últimos anos fizeram que o investimento em recursos humanos entre 2005 e o ano passado passasse de R$ 31 milhões para R$ 94 milhões. No total, a mudança no orçamento foi de R$ 51 milhões (2005) para R$ 117 milhões (2008).Para os representantes das duas chapas que concorrem à eleição o assunto é importante, haja vista estar diretamente ligado à qualidade do ensino na universidade. Com suas peculiaridades e visões distintas, os dois candidatos à reitoria, Milton Marques e Gilton Sampaio, falam ao DE FATO sobre suas propostas. Confira a seguir.
'Vamos equiparar o salário com o das federais'O atual reitor da Uern, Milton Marques de Medeiros, disputa a reeleição ao cargo junto com o seu vice, Aécio Cândido, e tem na continuidade do trabalho realizado na primeira gestão uma das apostas para o sucesso na disputa.De acordo com os representantes dessa chapa, o aumento no valor das bolsas de produtividade, a extensão da Dedicação Exclusiva (DE) e a oferta de um campo melhor de atuação na pesquisa científica são alternativas viáveis para fixar os mestres e doutores na universidade. "Nossa intenção é estender a dedicação exclusiva a todos os doutores, o que garante uma incorporação no salário desses profissionais. Além disso, pretendemos equiparar o salário ao pago nas universidades federais. Já estamos conseguindo isso com os especialistas e mestres, mas com os doutores não deu ainda", explica Milton Marques.Outra proposta da chapa é a ampliação do número de programas de pós-graduação, o que permite ao corpo docente qualificado um maior campo de atuação para pesquisa científica. "Já estamos com três mestrados implantados e investimos em laboratórios. Queremos dar continuidade a isso, criando novos cursos e intensificando o intercâmbio do nosso corpo docente com professores de instituições de outros países", comenta.Uma outra proposta para os professores, segundo Milton Marques, é a criação de um programa de moradia, em parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF), que facilite a construção de casas para os professores em terrenos da Uern.
'Já temos experiência e sabemos como fazer'Diretor do campus avançado de Pau dos Ferros, doutor em linguística e um dos criadores do primeiro mestrado em Letras da Uern, o professor Gilton Sampaio aposta na experiência do trabalho com a pós-graduação para lidar com os desafios referentes à manutenção do corpo docente da universidade. Na chapa dele, o professor José Ronaldo concorre à Vice-Reitoria.Para Gilton Sampaio, tornar a universidade interessante aos professores depende do investimento nas condições de trabalho dos professores e do incentivo à produção científica."Pretendemos atuar em quatro ângulos: melhorar as condições técnicas dos laboratórios para desenvolvimento de pesquisas, oferecer a opção de dedicação exclusiva já nos concursos, ampliar a discussão sobre a criação de novos programas de pós-graduação e ampliar e criar novas bolsas de produtividade para os mestres e doutores. Já temos experiência e sabemos como fazer", explica.No quesito melhoria salarial, a chapa de Gilton e José Ronaldo aposta na vinculação com o Plano de Cargos, Carreira e Salários. "Todos os nossos ganhos têm sido mediados com apoio dos professores. Acompanhamos essa elevação salarial de acordo com o Plano que cada um dos integrantes do corpo docente é parte importante e interessada", diz.Mas é na estrutura física dos campi de algumas cidades do interior que Gilton Sampaio vê um dos principais problemas a serem resolvidos pela nova gestão. "Em alguns locais a situação está precária. Em Patu, por exemplo, existem blocos que ainda não foram usados e salas que estão fechadas. Temos de reverter isso", comenta.
O mossoroense