O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual. Com isso, os juros básicos da economia caíram de 10,25% ao ano para 9,25% ao ano e ficam, pela primeira vez na história, abaixo de dois dígitos. O anúncio foi feito ontem à noite, ao final da quarta reunião que o Copom realizou neste ano. Neste ano, os juros básicos foram reduzidos em 1 ponto percentual, dia 21 de janeiro, mais 1,5 ponto percentual, dia 11 de março, e novamente 1 ponto percentual, dia 29 de abril. A redução feita hoje deixa a taxa Selic em 9,25% ao ano até a próxima reunião do Copom, agendada para os dias 21 e 22 de julho.Na reunião de abril, com a taxa básica definida em 10,25% ao ano o Brasil já havia alcançado o menor nível de juros na série histórica iniciada em 1996.Com a decisão do Copom, o Brasil manteve-se em terceiro lugar no ranking de juros reais (descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses) de 40 países, segundo levantamento da consultoria UpTrend. Como a inflação projetada até junho do ano que vem é de 4,3%, a taxa real de juros no Brasil fica em 5,2% ao ano, atrás da China (6,9%) e da Hungria (5,9%).No ranking dos juros nominais, o Brasil ocupa o quarto lugar, atrás da Venezuela (21,4%), Rússia (11,5%) e Argentina (10,5%). Descontada a inflação dos últimos 12 meses (de junho de 2008 a maio deste ano), os juros mais altos dentre os 40 países ranqueados pela UpTrend foram praticados pela Turquia (8%), China (7,8%) e Brasil (6,6%).O levantamento considera as 40 principais economias do mundo, das quais apenas 12 praticam taxas de juros acima de 1% ao ano, 11 outras têm taxas entre 0 1% e 1%, Dinamarca e Grécia zeraram suas taxas e 15 países trabalham com a perspectiva de juros negativos.Lula reafirma confiança em Henrique Meirelles Brasília (AE) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou ontem sua confiança no trabalho do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e negou qualquer interferência no Comitê de Política Monetária (Copom) para a definição da taxa básica de juros.Em entrevista exclusiva à agência Reuters, Lula contou que conversa muito com Meirelles sobre política monetária. “O que há é uma relação de respeito e de entendimento de que, na hora em que eles (os diretores do Banco Central) tomam uma decisão, eles precisam ficar confortáveis e não perder a seriedade junto à opinião pública. Porque, se ele (Meirelles) fizer tudo o que eu quero fazer... Pode até fazer, pode até ser bonito, mas, na hora em que o Banco Central perder credibilidade no mercado, e ninguém acreditar mais nele, será pior para o Brasil”, afirmou o presidente. Na avaliação de Lula, “manter a inflação controlada” é “o principal de tudo” para garantir a estabilidade econômica do País. “E isso está acontecendo”, completou.Lula negou interferência nas decisões sobre política monetária: “Eu acho que o Banco Central tem que fazer as coisas que precisam ser feitas, no momento certo. Não tem que ficar atendendo apelos eminentemente políticos.” E prosseguiu: “ As pessoas sabem que nós fazemos as coisas que tem que fazer, independentemente da temperatura política. Eu não trabalho em função de eleição, não trabalho.”Lula disse que o BC até agora, acertou na condução da política monetária. “Até agora, acertou; até agora, acertou; até agora, as coisas deram certo. É por isso que nós temos orgulho - e eu sinto muito orgulho - de perceber que o Brasil hoje é muito mais respeitado no mundo”, afirmou.