O relógio marca 6h20. O professor de Geografia José Normando Bezerra se dirige à Escola Estadual Lourdes Guilherme, no Jiqui. Às 7h, Normando entra em sala. O intervalo é às 9h30 e às 10h Normando retoma as aulas em outra turma. Os alunos conversam alto. Normando pede silêncio várias vezes. A conversa paralela persiste. O professor pede silêncio outra vez. Irritado, um adolescente de 13 anos o agride moralmente na frente da turma. O professor sai no meio da aula, comunica à direção que foi vítima de agressão verbal e exige providências. Cerca de 20 dias depois, Normando apresenta dificuldades para se comunicar, resultado de uma isquemia cerebral que sofreu devido à raiva reprimida em consequência do caso.
Agressões morais e físicas contra professores da rede estadual de ensino são cada vez mais frequentes. Pobreza, desigualdade social e falta de acompanhamento familiar são fatores que contribuem para o aumento da violência dentro das escolas em Natal. Em alguns casos, o bate boca pode se transformar em agressão física. Exemplo disso é a professora N.C. - que prefere não se identificar. A professora da rede estadual de ensino foi agredida dentro da sala de aula, enquanto aplicava uma prova na semana passada.
Depois de um bate boca, a estudante pulou da cadeira, agarrou o pescoço da professora e bateu. Na tentativa de defender-se, N. C. segurou o pulso da aluna. Motivo da agressão física: uma prova de reposição. A queixa, registrada pela professora na Delegacia Especializada de Atendimento ao Adolescente Infrator (Dea), está sendo acompanhada pelo Departamento de Direito do Aluno e Inspeção Escolar da Secretaria Estadual de Ensino e Cultura, e pode ser encaminhada para a justiça.
A professora também enfrentou uma situação semelhante na escola municipal onde trabalha. "Os alunos secaram os pneus e arranharam todo meu carro", descreve. De acordo com Bartolomeu Silva Carneiro, vice-diretor da escola onde N. C. trabalha, os professores estão intimidados com a violência dentro das escolas. Para Bartolomeu Carneiro, o sentimento de impunidade é outro motivador da violência. Eurilene Santana Balbi, coordenadora de Direito do Aluno e Inspeção Escolar da Secretaria Estadual de Educação e Cultura (Seec), defende a punição dos agressores. "Punir é fundamental. O aluno tem que saber até onde pode ir. Todo aluno que agride o professor deve ser punido. Mas antes é preciso ouvir os dois lados envolvidos na questão", explica.
Índices preocupantes
De acordo com a coordenadora, a Secretaria Estadual de Educação está tomando medidas para diminuir a violência dentro das escolas. Apenas este ano, três casos graves de agressão física contra professores na rede pública e também na rede privada de ensino em Natal foram registrados. Para Eurilene Santanta, o acompanhamento dos pais é fundamental para combater o comportamento agressivo dos estudantes. "Eles precisam assumir esta responsabilidade. Os alunos não tem limites em casa e reproduzem isso na escola", afirma.
Vandalismo danifica unidades de ensino
Banheiros quebrados, ventiladores queimados, paredes pichadas com siglas de torcidas organizadas, cadeiras empilhadas nos cantos das paredes. Para Eurilene Santana, vandalismo dentro da escola também é uma forma de violência. "O aluno não respeita mais o espaço-escola e se sente no direito de depredar", explica.
O vice-diretor da rede estadual de ensino Bartolomeu Carneiro apreende diariamente bombas, rojões, objetos pontiagudos e pedras dentro das mochilas dos estudantes. As brigas de torcidas organizadas dentro e fora das escolas também são frequentes.
"Alguns estudantes se matriculam apenas para transformarem as escolas em pontos de atuação das torcidas organizadas", relata Bartolomeu Carneiro.
Para Fátima Cardoso, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte (Sinte/RN), a escola se tornou um local de risco. "A escola precisa mudar seu papel social para combater a violência contra os professores e diminuir a depredação do patrimônio público", defende.
Paralelo a agressão contra professores, se verifica também agressões entre alunos e porte ilegal de armas pelos estudantes. Sinal de perda de controle, a violência dentro da escola eleva os índices de desistência dos professores através de licenças médicas. "Tudo isso desmotiva o professor, que vê na licença uma forma de se afastar da violência na escola", explica Bartolomeu.
De acordo com ele, os professores não sabem lidar com as agressões morais e físicas cada vez mais frequentes. "Falta capacitação para lidar com a violência", sentencia. As agressões contra professores ou alunos devem ser comunicadas ao Departamento do Direito ao Aluno e Inspeção Escolar da Secretaria Estadual de Educação e Cultura, no centro administrativo.
Agressões morais e físicas contra professores da rede estadual de ensino são cada vez mais frequentes. Pobreza, desigualdade social e falta de acompanhamento familiar são fatores que contribuem para o aumento da violência dentro das escolas em Natal. Em alguns casos, o bate boca pode se transformar em agressão física. Exemplo disso é a professora N.C. - que prefere não se identificar. A professora da rede estadual de ensino foi agredida dentro da sala de aula, enquanto aplicava uma prova na semana passada.
Depois de um bate boca, a estudante pulou da cadeira, agarrou o pescoço da professora e bateu. Na tentativa de defender-se, N. C. segurou o pulso da aluna. Motivo da agressão física: uma prova de reposição. A queixa, registrada pela professora na Delegacia Especializada de Atendimento ao Adolescente Infrator (Dea), está sendo acompanhada pelo Departamento de Direito do Aluno e Inspeção Escolar da Secretaria Estadual de Ensino e Cultura, e pode ser encaminhada para a justiça.
A professora também enfrentou uma situação semelhante na escola municipal onde trabalha. "Os alunos secaram os pneus e arranharam todo meu carro", descreve. De acordo com Bartolomeu Silva Carneiro, vice-diretor da escola onde N. C. trabalha, os professores estão intimidados com a violência dentro das escolas. Para Bartolomeu Carneiro, o sentimento de impunidade é outro motivador da violência. Eurilene Santana Balbi, coordenadora de Direito do Aluno e Inspeção Escolar da Secretaria Estadual de Educação e Cultura (Seec), defende a punição dos agressores. "Punir é fundamental. O aluno tem que saber até onde pode ir. Todo aluno que agride o professor deve ser punido. Mas antes é preciso ouvir os dois lados envolvidos na questão", explica.
Índices preocupantes
De acordo com a coordenadora, a Secretaria Estadual de Educação está tomando medidas para diminuir a violência dentro das escolas. Apenas este ano, três casos graves de agressão física contra professores na rede pública e também na rede privada de ensino em Natal foram registrados. Para Eurilene Santanta, o acompanhamento dos pais é fundamental para combater o comportamento agressivo dos estudantes. "Eles precisam assumir esta responsabilidade. Os alunos não tem limites em casa e reproduzem isso na escola", afirma.
Vandalismo danifica unidades de ensino
Banheiros quebrados, ventiladores queimados, paredes pichadas com siglas de torcidas organizadas, cadeiras empilhadas nos cantos das paredes. Para Eurilene Santana, vandalismo dentro da escola também é uma forma de violência. "O aluno não respeita mais o espaço-escola e se sente no direito de depredar", explica.
O vice-diretor da rede estadual de ensino Bartolomeu Carneiro apreende diariamente bombas, rojões, objetos pontiagudos e pedras dentro das mochilas dos estudantes. As brigas de torcidas organizadas dentro e fora das escolas também são frequentes.
"Alguns estudantes se matriculam apenas para transformarem as escolas em pontos de atuação das torcidas organizadas", relata Bartolomeu Carneiro.
Para Fátima Cardoso, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte (Sinte/RN), a escola se tornou um local de risco. "A escola precisa mudar seu papel social para combater a violência contra os professores e diminuir a depredação do patrimônio público", defende.
Paralelo a agressão contra professores, se verifica também agressões entre alunos e porte ilegal de armas pelos estudantes. Sinal de perda de controle, a violência dentro da escola eleva os índices de desistência dos professores através de licenças médicas. "Tudo isso desmotiva o professor, que vê na licença uma forma de se afastar da violência na escola", explica Bartolomeu.
De acordo com ele, os professores não sabem lidar com as agressões morais e físicas cada vez mais frequentes. "Falta capacitação para lidar com a violência", sentencia. As agressões contra professores ou alunos devem ser comunicadas ao Departamento do Direito ao Aluno e Inspeção Escolar da Secretaria Estadual de Educação e Cultura, no centro administrativo.