
Cursos ampliam formação de professores no interiorA União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) é presidida no Rio Grande do Norte pelo secretário de Extremoz, Domingos Sávio de Oliveira. Em seu entender, o Governo do Estado ainda não vem aproveitando devidamente as possibilidades abertas no Ensino Superior, com a ampliação dos cursos de licenciatura em todo estado, ou mesmo a oferta de graduações semipresenciais."Há também a chamada plataforma Paulo Freire, que oferece até mesmo uma segunda formação aos professores. É óbvio que isso não resolve, mas é um paliativo onde haja profissionais com horas sobrando", acrescenta Domingos Sávio. Atualmente, ele afirma que grande parte dos professores na ativa já conta com licenciatura, o que é um avanço, mas ainda assim há vagas não preenchidas em dezenas de municípios, principalmente em disciplinas como Química e Física. O presidente estadual da Undime defende a discussão entre estados, municípios e governo federal, de modo que fique clara a responsabilidade de cada ente para solucionar o problema. "Já temos dificuldades de falta de professores e ainda surgem algumas sandices, como terem colocado aqui em Extremoz aulas de Filosofia (comumente do Ensino Médio, responsabilidade do Estado) para os alunos do Ensino Fundamental", critica.Domingos Sávio lembra que problemas comuns exigem soluções conjuntas, mas reconhece que a grande saída no momento seria mesmo a abertura de um novo concurso público. Há 22 anos trabalhando na educação, ele considera que as condições hoje são melhores para quem decide ensinar. "Algumas conquistas como o piso nacional, a articulação dos planos de carreira e a valorização da formação contínua vêm melhorando esse quadro e incentivando mais gente a fazer as licenciaturas, sem contar o processo de interiorização das universidades."Instituições de Ensino Superior como o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFRN), a Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), a Universidade Estadual (UERN) e a própria UFRN têm investido na abertura de polos pelo interior, ou na oferta de cursos a distância. Em ambos os casos, as licenciaturas em Química, Física, Matemática e Biologia estão entre as primeiras opções a serem oferecidas.
Problemas começam no Ensino FundamentalAs disciplinas de Química, Física e Biologia são uma espécie de continua-ção, no Ensino Médio, da disciplina de Ciências, integrante do Ensino Fun-damental. No entanto, o problema da falta de professores não diferencia os níveis de ensino. Desde o começo do ano, os estudantes da Escola Estadual Doutor Otaviano não contam com professor efetivo de Ciências. "Sou eu quem estou ministrando essas aulas", confirma a diretora da escola, Dalvaci Pinheiro.Ela diariamente tem de deixar suas funções na diretoria para evitar que os estudantes terminem o ano sem o con-teúdo da disciplina. "Tivemos um estagiário no primeiro bimestre, mas ele desistiu e não conseguimos mais ninguém. Já fui na UNP, na UFRN, mas não tem quem queira vir, por causa do deslocamento de Natal até aqui", confirma. O problema na escola, porém, não se limita a Ciências. "As aulas de Educação Física são dadas por um auxiliar de serviços gerais. A parte prática, é claro, porque a teórica ele não tem condições de dar", observa Dalvaci Pinheiro.