domingo, 25 de janeiro de 2009

Otimismo entre os gestores do projeto

Pau dos Ferros e Apodi, que saíram na frente assinando o convênio de um milhão para produzir a Tilápia do Nilo em cativeiro, o cenário é de otimismo. O presidente da Colônia de Pescadores Z-22, Lafaete Diógenes, disse que o projeto é a primeira luz para os pequenos pescadores de água doce do Rio Grande do Norte. "Será uma grande injeção econômica no comércio da região a partir do pequeno produtor", completa Pelé, da Secretaria de Polícias do Campo e Meio Ambiente de Caraúbas.Segundo Lafaete Diógenes, os pescadores da Colônia de Pau dos Ferros que serão beneficiados já estão sendo capacitados para criar a Tilápia do Nilo em gaiolas. "Na verdade, a gente já sabe. Já temos uma experiência aqui de 20 gaiolas e inclusive os nossos pescadores já são treinados até para curtir o couro da tilápia, retirar o filé, e tudo mais que será feito na indústria de beneficiamento", diz o presidente.Para começar o projeto, além de treinamento, o pequeno pescador vai receber toda a estrutura, gaiolas, alevinos, ração e equipamentos de trabalho adequado. Depois da primeira despesca, que deve acontecer com 120 dias, os pequenos pescadores já terão renda para tocarem sozinhos os seus negócios. "Aquele que trabalhar direito, conforme as orientações repassadas através das colônias, vai ter uma renda mensal de R$ 1 mil", diz Pelé.O mesmo convênio que já foi assinado para Pau dos Ferros e Apodi, poderá ser assinado também para os pescadores do Vale do Açu, Upanema, Campo Grande, Patu, Umarizal, Lucrécia, Riacho da Cruz, Felipe Guerra, Caraúbas, Olho D'Água dos Borges, Janduís, Messias Targino, até para municípios da Paraíba, que fazem fronteira com o Rio Grande do Norte. "Basta apenas que os pescadores se reúnam em associação e procurem o benefício como a gente", explica Lafaete.O presidente Lafaete, no entanto, adverte os colegas de outros municípios para buscar informações e legalizar suas instituições para receber os benefícios o mais rápido possível. Segundo ele, quanto mais rápido for providenciado os documentos necessários, mais rápido será liberado os recursos pelo Governo Federal através do Dnocs e mais rápido poderão começar a produzir.As informações de como participar do projeto poderão ser buscadas pelos presidentes das colônias de Pescadores no Dnocs, na Secretaria de Políticas do Campo e Meio Ambiente de Caraúbas, na Colônia de Pescadores de Pau dos Ferros e na Colônia de Pescadores de Apodi. "É importante a união dos pescadores para o benefício chegar para todos", diz Pelé.
Pescadores observam o projeto com desconfiançaNos municípios onde o projeto ainda não começou, os pescadores estão ainda receosos. Temem, com razão, que seja mais um engodo do Governo para os pequenos produtores. A reportagem do JORNAL DE FATO visitou açudes de quatro municípios.Em Umarizal, um pescador (nome resguardado a pedido) disse que não confia em projetos que têm políticos envolvidos. Quando avisado que era algo gerenciado pelos próprios pescadores, ele bateu forte nos presidentes das colônias que, segundo ele, são todos vendidos aos políticos."A gente sabe que tem recursos pra gente. A gente sabe que esses recursos o Governo Lula libera, mas a gente sabe também que esses recursos somem antes de chegar ao destino. É assim com educação, saúde e não é diferente com o trabalhador", explica o pescador.Perto de Olho D'Água dos Borges, o pescador Antônio Carlos Matias Segundo, 38, foi informado pela reportagem do projeto e disse que iria se associar à alguma Associação que já estivesse no projeto para também ter acesso ao benefício. Na região de Caraúbas, os pescadores estão otimistas."A gente soube que vai ter esse negócio aí através do Pelé (secretário de Políticas do Campo e Meio Ambiente). Sei que é muito bom pra gente", conta outro pescador que não quis citar seu nome, por desconfiar que este repórter era um policial disfarçado.
Criação em cativeiro combaterá a pesca predatória no Alto OesteNa região de Pau dos Ferros, a reportagem foi em vários açudes e constatou que os pescadores respeitam o período de reprodução nos açudes e não estão pescando. As canoas estão nas margens. Já nos municípios de Umarizal e Olho D'Água dos Borges, a pesca predatória está acontecendo naturalmente.Em Pau dos Ferros, o presidente da Colônia de Pescadores Z-22, Lafaete Diógenes, disse que tem mais de 600 associados na região, e que todos são orientados a respeitar o período do defeso como forma de preservar o próprio alimento deles no futuro. "Existe um seguro desemprego para esses pescadores durante este período de dois meses", diz.Entretanto, sem orientação adequada, pescadores foram flagrados pela reportagem do JORNAL DE FATO quarta-feira pescando curimatã em vários açudes na região de Umarizal e Olho D'Água. Usavam apetrechos proibidos por leis federais, como tarrafas e redes de malha fina.Lafaete Diógenes disse que com o início da produção de Tilápia do Nilo em cativeiro nesses açudes, acaba a pesca predatória da curimatã ovada e do próprio tucunará, duas espécies muito apreciadas na culinária regional.



Fonte: Jornal de Fato