
Pescadores observam o projeto com desconfiançaNos municípios onde o projeto ainda não começou, os pescadores estão ainda receosos. Temem, com razão, que seja mais um engodo do Governo para os pequenos produtores. A reportagem do JORNAL DE FATO visitou açudes de quatro municípios.Em Umarizal, um pescador (nome resguardado a pedido) disse que não confia em projetos que têm políticos envolvidos. Quando avisado que era algo gerenciado pelos próprios pescadores, ele bateu forte nos presidentes das colônias que, segundo ele, são todos vendidos aos políticos."A gente sabe que tem recursos pra gente. A gente sabe que esses recursos o Governo Lula libera, mas a gente sabe também que esses recursos somem antes de chegar ao destino. É assim com educação, saúde e não é diferente com o trabalhador", explica o pescador.Perto de Olho D'Água dos Borges, o pescador Antônio Carlos Matias Segundo, 38, foi informado pela reportagem do projeto e disse que iria se associar à alguma Associação que já estivesse no projeto para também ter acesso ao benefício. Na região de Caraúbas, os pescadores estão otimistas."A gente soube que vai ter esse negócio aí através do Pelé (secretário de Políticas do Campo e Meio Ambiente). Sei que é muito bom pra gente", conta outro pescador que não quis citar seu nome, por desconfiar que este repórter era um policial disfarçado.
Criação em cativeiro combaterá a pesca predatória no Alto OesteNa região de Pau dos Ferros, a reportagem foi em vários açudes e constatou que os pescadores respeitam o período de reprodução nos açudes e não estão pescando. As canoas estão nas margens. Já nos municípios de Umarizal e Olho D'Água dos Borges, a pesca predatória está acontecendo naturalmente.Em Pau dos Ferros, o presidente da Colônia de Pescadores Z-22, Lafaete Diógenes, disse que tem mais de 600 associados na região, e que todos são orientados a respeitar o período do defeso como forma de preservar o próprio alimento deles no futuro. "Existe um seguro desemprego para esses pescadores durante este período de dois meses", diz.Entretanto, sem orientação adequada, pescadores foram flagrados pela reportagem do JORNAL DE FATO quarta-feira pescando curimatã em vários açudes na região de Umarizal e Olho D'Água. Usavam apetrechos proibidos por leis federais, como tarrafas e redes de malha fina.Lafaete Diógenes disse que com o início da produção de Tilápia do Nilo em cativeiro nesses açudes, acaba a pesca predatória da curimatã ovada e do próprio tucunará, duas espécies muito apreciadas na culinária regional.
Fonte: Jornal de Fato