terça-feira, 12 de maio de 2009

Sangria sobe 50cm e obriga mais famílias a saírem da várzea de Apodi

Barragem de Santa Cruz - Apodi (RN)

Depois de um veranico de quatro dias, as chuvas voltaram com força na noite de domingo para segunda-feira, fazendo subir o nível dos rios Apodi/Mossoró, no Oeste; e Piranhas/Açu, no Vale do Açu. No Vale do Açu, o nível de sangria da Barragem Armando Ribeiro subiu 8 centímetros durante o dia de ontem. Em Apodi, a sangria da barragem de Santa Cruz aumentou 46 centímetros, inundando rapidamente toda a região do várzea.A Defesa Civil retirou mais de 50 famílias das localidades de Baixa Fechada, Rio Novo e Juazeiro. Estas famílias estão sendo alojadas em casas de parentes ou alugadas na cidade ou em outras comunidades. Elas foram orientadas a se prepararem antes do inverno para se mudar, na hipótese do nível do rio subir rapidamente. "Ainda não precisamos ocupar escolas do município", explica o chefe da Defesa Civil Marcílio Reginaldo.Assim como as vítimas das inundações no Vale do Açu, na região de Apodi e Mossoró começaram a receber cestas básicas e alguns colchões. Nas demais cidades da região, principal preocupação é com relação às estradas de acesso à zona rural, que impossibilitam, por exemplo, o acesso do transporte escolar. O prefeito Ademar Ferreira, de Caraúbas, disse que as estradas estão intransitáveis e que nos locais as máquinas não têm como chegar para recuperar.No Vale do Açu, o aumento de oito centímetros na sangria da Armando Ribeiro não fez grande diferença nas cidades do Vale do Açu. Já na região de Apodi, além de desabrigar outras cinquenta famílias só ontem, a região da chapada, onde existe mais de 24 mil cabeças de caprinos, está totalmente encharcada, provocando doenças nos animais. A defesa Civil calcula que o prejuízo no rebanho caprino pode chegar a 20%.O nível de sangria da Barragem de Santa Cruz, no início da tarde de ontem (80 centímetros), já era o maior de sua história desde a inauguração, em 2001. O chefe da Defesa Civil, Marcílio Reginaldo, entrou em contato com as equipes de Defesa Civil de Felipe Guerra e Governador Dix-sept Rosado avisando que o nível do rio iria subir. O mesmo comunicado foi repassado à Defesa Civil de Mossoró, para que providências fossem adotadas para amenizar os estragos.MAIS CHUVASEmpresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN) informou ontem que as chuvas vão continuar principalmente na região Oeste do Rio Grande do Norte. Conforme os resultados dos modelos de previsão de chuva, é esperado que durante o período de 11 a 16 de maio, ocorram chuvas em todas as regiões do Estado. São esperados índices variando entre os 50 a 150 milímetros na região Oeste e índices em torno de 100mm na faixa litorânea Leste do Estado (litoral potiguar). O alerta foi enviado às equipes de Defesa Civil de todos os municípios da região.
Estado quer gerar 20 mil empregos na próxima fruticultura irrigadaSobre a produção da fruticultura no Estado, o secretário Segundo Paula, de Desenvolvimento Econômico, se mostrou preocupado somente com relação à produção de banana no Vale do Açu, onde não houve mais diálogo depois do duplo prejuízo com duas inundações consecutivas.Já com relação à produção de melão na região de Mossoró, que está na entressafra, Segundo Paula disse que a expectativa do Governo é que a produção tenha uma redução de até 30% na próxima temporada. Sobre o fim das atividades da Nolem, ele disse que o Governo do Estado liberou os recursos referentes à Lei Kandir, como sinal de confiança e espera que a empresa continue produzindo na região.Segundo ele, com a retração do mercado mundial, é bom mesmo reduzir um pouco a produção e melhorar o preço de mercado da caixa de melão. Mesmo com esta redução, ele acredita que o setor vai gerar mais de 20 mil empregos nos próximos meses, cultivando melão para o mercado exterior numa área de 10 a 11 mil hectares.Quanto à produção de banana, Segundo Paula disse que conversou com os diretores da multinacional Delmont a respeito dos prejuízos e como ajudá-los. "Eles não querem dinheiro, querem reconhecimento do Governo que eles estão investindo e que o Estado está dando retorno", diz Segundo Paula, concluindo que as negociações estão abertas.
Secretário defende Oiticica para conter cheias no ValeO secretário de Desenvolvimento Econômico, Francisco Cipriano Segundo Paula, durante visita ao JORNAL DE FATO ontem, disse que a Barragem de Oiticica, em Jucurutu, ao contrário do que informaram os especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFERSA) e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), é fundamental para conter as inundações nas cidades do Vale do Açu.Segundo Paula disse que o Governo do Estado pediu aos dois ministros (Geddel Vieira da Integração Nacional, e Altemir Gregolin, da Aquicultura e da Pesca) que diligenciasse em Brasília junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para incluir os recursos (200 milhões) da barragem de Oiticica no rol de obras do Programa de Aceleramento do Crescimento do Governo Federal.Sobre as críticas, ele disse que são saudáveis, porém não as reconhece como sendo corretas. Segundo ele, a barragem de Oiticica terá capacidade de armazenar até 1,2 bilhão de metros cúbicos de água, é uma unidade de contenção de enchente, com um sistema de comportas diferenciado, para controlar o volume de água que é liberado na Barragem Armando Ribeiro Gonçalves.Ainda conforme o secretário de Desenvolvimento Econômico, Oiticica será fundamental para garantir água doce para o abastecimento da região Oeste, Seridó e parte do Sertão Paraibano, além de ser uma das exigências dos produtores de camarão e frutas no Vale do Açu.
Pequenos produtores cobram ressarcimento pelos prejuízos de 2008Os pequenos produtores da Várzea e da Chapada do Podi reclamam que ano passado o Governo do Estado prometeu recursos para cobrir os prejuízos com a safra de feijão, milho, sorgo e arroz. Porém, segundo os vereadores Francisco de França Pinheiro, o "Chico de Marinete", e Genivan Aires da Costa, o "Varela", o Governo não fez o repasse e o quadro é de miséria absoluta."As famílias perderam tudo em 2008 e este ano novamente. E não foi só na região de várzea. Neste ano, o prejuízo foi total também na região da chapada, que apesar de ser num ponto mais alto, o solo está totalmente encharcado, provocando doenças nos animais e a morte das plantações de milhões, feijão e sorgo", conta o vereador Chico de Marinete, lembrando que ele próprio perdeu os quatro hectares que plantou."O que o governo está fazendo não é certo. Prometeram com convicção. Até mandaram o Sindicato dos Trabalhadores Rurais fazer um levantamento preciso dos prejuízos de cada agricultor, prometendo que o Governo Federal iria cobrir. Depois sumiu todo mundo", lamenta o vereador Chico de Marinete. Neste ano, segundo o vereador Genivan Varela, o quadro de prejuízo é pior e mais triste do que ano passado. "A gente está vindo aqui no Jornal lembrar quem prometeu ajudar os pequenos produtores tratar de aparecer, pois a situação não é fácil. O momento é de tristeza", diz o vereador, mostrando imagens do celular das regiões totalmente destruídas.