Brasília, 04 (AE) - O Ministério da Educação (MEC) planeja aumentar a carga horária do ensino médio em 25%, passando das atuais 2.400 horas para 3 mil por ano. Dessas 600 horas a mais, 120 poderão ser usadas para disciplinas de livre escolha - desde aulas a mais de matemática ou português, até teatro, música, artes ou esportes. A proposta, encaminhada ao Conselho Nacional de Educação (CNE), servirá de subsídio para Estados que desejam alterar o atual modelo de ensino médio, considerado ultrapassado pelo ministério. O MEC não tem o poder de definir a estrutura do ensino médio, uma atribuição dos Estados. Nacionalmente é determinado pelo CNE um currículo mínimo e as diretrizes nacionais, que mostram o que um estudante precisa saber depois de três anos de estudo. A intenção é induzir Estados a saírem do atual modelo, dividido em disciplinas, para uma forma mais flexível. Para isso, o ministério pretende que o CNE aprove as propostas de alterações de diretrizes com as recomendações de mais horas-aula, disciplinas eletivas e uma formulação mais livre, com o currículo organizado em núcleos temáticos.De acordo com o diretor de concepções e orientações curriculares para educação básica do MEC, Carlos Artexes, as disciplinas não necessariamente desaparecerão, mas a ideia é que sejam aproximadas por área de conhecimento. “A proposta não é substituir um tipo de grade curricular por outro, mas que os professores possam trabalhar em conjunto”, explica o presidente da Câmara de Educação Básica do CNE, Francisco Cordão. Atualmente, o ensino médio tem a maior evasão da educação básica. Entre 2005 e 2007, 661 mil alunos abandonaram essa etapa. Além das novas diretrizes, o ministério deverá entrar com recursos. Até o final deste ano, a intenção é assinar convênios para pilotos de novos modelos com os Estados interessados. Até agora, o MEC tem recursos para financiar cem escolas com as menores notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Elas devem servir de teste de novos modelos didáticos. Esse financiamento, além de ser usado para treinar professores, pode ajudar a equipar laboratórios. A intenção do MEC é ver os jovens ligando o que aprendem na sala de aula com a vida real. “Há uma tradição brasileira de academicismo, mas as práticas são fundamentais”, diz Artexes.