segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Alívio no bolso dos brasileiros

Os trabalhadores vão ter um considerável alívio no bolso nos próximos 12 meses. Os preços administrados, que incluem tarifas públicas como energia elétrica, transporte urbano e telefonia, devem subir num ritmo bem menor do que no primeiro semestre ou até mesmo cair. As fórmulas de reajuste desses serviços são bastante influenciadas pelos índices gerais de preços (IGP), que vêm registrando deflação, fenômeno que deve continuar ocorrendo pelo menos até o fim do ano. Pela primeira vez desde a edição do Plano Real, em 1994, esses indicadores de inflação vão fechar o ano em terreno negativo, principalmente por causa do fortalecimento do real frente ao dólar.
Ônibus: diesel acumula queda de 6,96% e contribui para conter os preços das passagens do transporte público. "Não há dúvida de que o recuo nos índices gerais vai provocar um desafogo no orçamento dos trabalhadores. Pode até haver até redução de tarifa", avalia o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV). Na semana passada, a entidade divulgou o IGP Disponibilidade Interna (IGP-DI) de junho: deflação de 0,64%, número bem menor que a média de 0,41% prevista por analistas. A maior contribuição negativa foi dos preços ao atacado, que recuaram 1,16% no mês. O índice está em -1,68% no acumulado em 2009 e em -1% em 12 meses. Neste ano, o IGP-DI deve ter o menor resultado da história. Até agora, o mais baixo é o de 2005, que ficou em 1,22%. Em julho de 2008, a situação era completamente diferente: a inflação estava positiva na casa dos 15%. "Agora, muitos desses preços ou não serão corrigidos ou subirão muito pouco", diz Quadros. Ele não vê motivo para alta do transporte urbano, por exemplo. Seu principal custo, o preço do óleo diesel, acumula queda de 6,96% em 12 meses.O economista Gian Barbosa, da Tendências Consultoria, acha exagerada a previsão do Banco Central de aumento de 4,5% nos preços administrados neste ano. Sua estimativa é de 3,7% em 2009. Por causa da desvalorização do dólar, ele projeta queda na tarifa de energia elétrica nas capitais abastecidas por Itaipu, como São Paulo. "O maior reflexo da deflação nas tarifas será no primeiro semestre do ano que vem, quando várias delas serão revistas para baixo. Os consumidores irão se beneficiar", diz.As contas de telefone fixo vão subir, no máximo, 4,14% este ano. Esse foi o percentual acumulado nos últimos 12 meses do Índice de Serviços de Telecomunicações (IST), indexador dos contratos de das concessionárias, divulgado ontem pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Mas a correção dessas faturas deve ficar abaixo desse percentual, pois, desse índice, ainda será deduzido o Fator X, um mecanismo que deduz do índice os ganhos de produtividade obtidos pelas empresas. Estima-se que o reajuste pode cair pela metade.